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CAP. 1

Cap. 1
Escolhendo um destino

(Galice – época atual)
-Nosso amor é proibido, Garner, você sabe disso.
-Eu daria a minha vida por um único beijo seu, minha rainha!
-Você não entende? – disse Kendra, a grande sacerdotisa de Galice, o reino de todo o poder das magias – Não posso assumir esse amor enquanto eu reinar.
-Amada rainha, é hora da escolha, é hora de se deixar viver...
-Ou morrer – Kendra interrompeu o falatório de seu guerreiro. – Escolhi viver sozinha porque sempre te amei. Não tenho uma herdeira pra entregar meu reino e meus poderes.
Um vento lançou uma quantidade forte de areia em seus rostos. Kendra se incomodou com isso, pois não permitia que nada nem ninguém a aborrecesse nos raros momentos de segredos íntimos com seu guerreiro. Uma rainha de Galice jamais poderia ter com seu guerreiro. Ou se casava com o príncipe escolhido pelos anciãos de seu reino, ou ficava sozinha. Kendra amava tanto seu Garner, que renunciou a vida a dois. Mas se rendia aos prazeres dos beijos doces de seu guerreiro.

(Origens de Kendra e Megan)
A mãe de Kendra, Lienne, antiga sacerdotisa de Galice, teve duas filhas com seu príncipe escolhido: Kendra e Megan. A mais velha assumiu seu posto e, desde criança, se dedicou disciplinarmente à rígida rotina da magia e do controle dos poderes dos elementos.
Megan, filha mais moça de Lienne, recusou a viver dessa maneira. Odiava o lugar onde nasceu e sempre desejou viver uma grande aventura em meio aos humanos. E, quando percebeu que tinha idade suficiente pra realizar sua última mágica, Megan partiu de Galice e foi se aventurar na Terra dos humanos. Conheceu seu amado Leandro, um lindo rapaz loiro com penetrantes olhos azuis, e com ele deciciu viver a aventura romântica que tanto sonhava.
Mesmo depois da morte de Lienne, Kendra continuava a cuidar, secretamente, de Megan. A visitava em seus pensamentos e por meio da visão. Sua alegria foi imensa ao presenciar, pelos olhos da própria Megan, o nascimento de Brianna. A irmã mais nova nada sabia das “secretas” visitas de Kendra, pois há muito havia decidido esquecer sua família e sua verdadeira origem. Mas o amor de Kendra por ambas, irmã e sobrinha, era tanto, que nunca deixou de visitá-las, em pensamento, um dia sequer.
Brianna crescia espantando e supreendendo seus pais. Megan sabia que sua filhinha carregava parte de sua essência e, consequentemente, a heriditariedade falava mais alto: Brianna era dotada dos mesmos poderes de seu verdadeiro povo, Galice. Kendra também soube disso e viu em sua sobrinha uma chance de perpertuar a linhagem da família no trono de seu mundo. Sem herdeiros, Kendra viu na sobrinha uma esperança, mas sabia que isso era o desgosto de Megan, que tanto temia perder Brianna pros prazeres que a mágica proporcionava. Leandro, pai de Brianna, nada sabia sobre o passado de sua esposa e a mesma evitava comentar o assunto, dizendo apenas que era órfã e que nunca chegou a saber quem eram seus verdadeiros pais.
Brianna se deliciava em meio às amizades de escola. Uma adolescente comum. Deixou o mundo de contos de fadas há tempos atrás. Era apenas uma garota feliz, com pais que muito amava e que a amavam em de volta, com amigos fiéis, apaixonada pela vida e cheia de sonhos. Não acreditava mais em magia, não acreditava mais que era a princesa de um reino distante de outra dimensão, como costumava sonhar quando era criança. O que mais lhe chamava atenção agora eram os garotos, as cenas românticas dos filmes que via e dos livros que lia.

(Kendra, de volta aos braços de Garner)
-Entenda, amado guerreiro, não posso dar esse desgosto à Megan.
-Mas Brianna tem esse direito e, no fim, a decisão caberá à própria.
Kendra suspirou derrotada. Sabia que seu amado tinha razão. Sabia também de todos os problemas que envolviam sua mente, de tudo que sofrera por ter que assumir tantas responsabilidades e fazer uso corrente de sua magia. A depressão de não poder possuir seu guerreiro a assolava. Estava à beira da loucura. Haviam momentos, que preferia esquecer, que ela atentava contra a própria vida, que sonhava não existir a não possuir quem tanto amava. E agora tinha que decidir sobre um destino, o futuro de sua amada sobrinha. Sabia qual era a decisão certa a tomar, mas hesitava em fazê-la.
-Garner, meu guerreiro, tu falas como se coubesse somente à mim esta difícil decisão, mas, pergunto em minha mente, e agora à você, se por acaso, meu amado e fiel guerreiro já escolheu seu aprendiz?
-Sim, grande rainha, meu amor.
-Posso saber o nome do jovem com tamanha sorte?
-Seu desejo é uma ordem, minha amada. O escolhido pra defender a nova rainha é Dallan.
-Sábia escolha, doce Garner – falou Kendra com um sorriso no rosto, aprovando a decisão de seu guerreiro.
O vento ainda incomodava a ambos. Com a voz forte, como uma ordem, Kendra disse:
-Pare!
Garner estremeceu diante de tanto poder. O vento acalmou e virou uma suave brisa. Kendra o olhou nos olhos e disse:
-Não é justo decidir o destino de Brianna apenas pra me render aos prazeres que seus fortes braços me proporcionam.
-É necessário escolher, minha rainha. Ou isso ou volte a reinar como antes. Seu descontrole pode destruir o mundo, todo ele, não apenas Galice, mas toda a terra e todas a dimensões. Nem Brianna tem tanto poder assim, nem todos os anciãos juntos.
-O que faço, meu amado? – disse Kendra se enroscando nos protetores e musculosos braços de Garner.
-Escolha apenas um destino, amada sacerdotisa, ou o seu ou de Brianna. Ou sua linhagem ou um novo reino pra Galice. Mas saiba que anseio estar em seus braços e te possuir por inteira, nem que eu o faça apenas uma única vez em toda a minha existência!
-Um destino, meu amado?
-Sim, Kendra, um único destino...