Cap. 2
BRIANNA vivendo
A |
cordo com a minha mãe me chamando:
– Brianna, levante-se, Colégio, now!
- Calma, mãe, só mais dez minutos.
- Brianna.
- Que mãe? - falei já irritada.
- Levanta, vai. – diz ela insistindo.
- Manhê, to com sono, não quero ir pro colégio hoje. – Me viro pro lado fechando os olhos com esperanças de voltar a dormir de novo. Mas é claro, ela não deixaria, nem sei o porque eu insistia em faltar.
– Filha levanta, vai. A mãe não quer brigar contigo. – diz ela com a voz carinhosa, acariciando meu cabelo.
- Ah, mãe... tá já levanto, já. – falo sem nem uma animação na voz
- Levanta agora! – ela falo mais alto. – Sem PC por uma semana.
- Nããão! - Num pulo só me ponho de pé – Pronto, já levantei. – ela dá uma risada baixa e se vira pra sair do quarto.
– Mãe?
- Fala, Bri.
- Obrigada por interromper meu sonho perfeito. – dou um sorriso falso, ela ri.
- Por nada, filhinha. – Ela dá um sorriso sarcástico, e sai do meu quarto fechando a porta. É impressionante como ela adora me provocar e me tirar do sério. E o pior, é que ela consegue.
Enquanto me arrumo começo a pensar sobre o sonho que mais parecia uma realidade, mas era bom demais pra ser verdade. Ele era todo perfeito, loiro, dos olhos claros, e tinha o corpo que era de tirar o fôlego. E além de tudo ainda era carinhoso, meigo e protetor, nada comparado aos moleques da minha escola.
Era uma noite quente de verão, haviam várias estrelas no céu e a lua brilhava perfeitamente sem que nem uma nuvem pudesse cobri-la. Ali, era somente eu e ele, caminhando sobre um jardim de uma mansão do qual eu desconhecia, enquanto conversávamos e ríamos. Ele escutava cada palavra minha com toda atenção do mundo, sempre que eu sorria ele se encantava, me tratava com todo o carinho do mundo e me protegia... E tudo que ele fazia eu achava graça, e achava perfeito. Em meio a tantas coisas começamos a conversar sobre aquela coisa chamada “amor”. Ele dizia coisas lindas e sinceras, e, na maioria das vezes, eu completava as suas frases e ele as minhas, como se um pudéssemos ler os pensamentos um do outro. Então, pra minha surpresa, ele diz algo que eu realmente não esperava.
- E quando te conheci, descobri o que é amar, e o que é querer viver ao lado da pessoa amada a qual quer custo, e é isto que estou tentando fazer. – diz ele com um sorriso lindo no rosto se aproximando lentamente a mim. – E é claro, se você me permitir ficar ao teu lado, minha princessa – encostando sua testa na minha, ele passa meu cabelo pra trás de minha orelha.
Sem pensar duas vezes respondo:
- Permissão concedida, meu anjo. – falo num sussurro.
- Posso minha linda? - diz ele me puxando pela cintura e aproximando sua boca da minha.
- Sim, meu amor!
E quando nossas bocas finalmente se encostam... A minha mãe me acorda.
- Aff... – falo me lembrando da raiva que fiquei dela ao me acordar do sonho mais perfeito que já tive. – Ela não podia esperar até amanhã pra me acordar? Que merda!
Ainda resmungando, pego minha mochila e desço.
- Bom dia, meu anjo! – fala meu pai com um tom carinhoso na voz.
- Bom dia, pai e mãe.
- Bom dia, filha. Não vai comer nada antes de ir? – fala minha mãe com o mesmo tom carinhoso do meu pai na voz, enquanto faz café.
- Não, mãe, tô de boa. Já vou indo, se eu chegar atrasada de novo, a professora de matemática me mata. – Falo já pegando meu skate e saindo de casa.
Ao chegar na porta da escola encontro Larissa, Carol, Rafael, Junior e companhia.
- Oi, ser. – diz Carol rindo.
- Oi, animal. – dou um sorriso sarcástico. – Ah! Oi, pra geral.
- Oi, Bri. – a maioria responde.
- E, aí? Vão entrar hoje ou cabular aula? - falo rindo.
- Oh, quem dera, heim. – fala o Rafael com um tom desanimado na voz.
- Rafael ta animado hoje! – fala a Carol provocando ele.
- Deixa ele, tadinho, deve ter brigado com a namorada. – fala o Junior provocando ainda mais e rindo.
- Fica quieto, seu gay. – diz Rafael irritado.
- Owh, não chama ele de gay, seu viado. – falo já rindo da provocação dos dois.
- Hey! Pode entrando vocês aí, tô de olho, heim... – diz a inspetora de alunos que tomava conta do portão.
- Aí, galera, vai, vamos entrar antes que a jararaca comece a berrar e antes que o Leonardo me veja. – falo revirando os olhos. Geral entra e cada um vai pra sua sala sem nem um ânimo. Também, passar seis horas e vinte minutos naquela prisão é motivo de suicídio. Ainda mais quando os professores faltam e mesmo assim não liberam a gente mais cedo. Sorte que ainda dava pra aturar, pelo menos o dia tava lindo lá fora...
Ao passar seis horas e vinte minutos bate o sinal da saída, geral sai como um bando de insanos procurando a liberdade. Ligo meu MP5 e pego meu skate.
- Bri? – era a voz do Junior.
- Oi, Juninho. – falo me virando pra ele.
- Vai por onde?
- Pelo caminho que sempre faço, uai.
- Posso ir contigo? Preciso pegar um negócio na casa do meu amigo.
- E que tem a ver tu ir comigo, menino?
- A casa dele fica perto da tua. Posso?
- Se não for me irritando.
- Mas te irritar é minha profissão.
- Tá demitido. – falo rindo.
- Deixa de ser chata. – diz ele me dando um empurram de leve.
- vai de skate também?
- É, né? Não se preocupa, vou em silêncio, escutando música. – ele pisca pra mim enquanto sobe no skate e sai na minha frente.
- Acho bom. – Faço o mesmo e tento o acompanhar, aumento o volume da música e vou tranquila, conversando sobre algumas coisas que estavam rolando na escola com ele.
É incrível como muitos já acharam que a gente teve um “caso”, porque na maioria das vezes estávamos juntos, mas não tinha nada a ver, ele era como um irmão pra mim.
Ao chegar em casa, corro pro meu quarto, troco de roupa e desço correndo pra ajudar a minha mãe com o almoço.
- Oi, mãe!
- Oi, Bri. Como foi na aula?
- Nada a declarar. A mesma chatice de sempre.